sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Portugal é 2º país europeu com frota automóvel mais eficiente em termos de emissões de carbono

Portugal perde o 1º lugar no ranking das emissões de carbono dos carros novos vendidos em 2009, mas mantém o 2º lugar no quadro dos 27 países da União Europeia.


De acordo com um relatório publicado hoje pelo T&E - Federação Europeia dos Transportes e Ambiente, Portugal é no quadro dos 27 países da União Europeia o segundo com menor valor médio (134 gCO2/km) de emissões de CO2 nos veículos automóveis novos vendidos em 2009, a seguir à França. Tal prende-se com o facto de os portugueses, face ao seu poder de compra, serem muito sensíveis ao preço do veículo e ao seu consumo de combustível. Entre 2006 e 2008, Portugal esteve no primeiro lugar da tabela.

Francisco Ferreira, Vice-Presidente da Quercus disse: «Os dados de Portugal em comparação com o resto da Europa são animadores no combate às emissões de gases de efeito de estufa causadores das alterações climáticas, apesar de desaceleração na nossa melhoria de eficiência. Pena é que Portugal com uma frota automóvel nova eficiente a esteja a renovar tão lentamente e que os portugueses usem demasiado o carro nas deslocações casa-trabalho.»

Em 2009, a redução das emissões de carbono por quilómetro nos novos veículos ligeiros foi variável entre os países da Europa. Portugal conseguiu a menor taxa de redução de emissões de carbono (3,6%) da Europa Ocidental, enquanto a Irlanda atingiu 7,9% de redução. Os países do Centro e Leste da Europa conseguiram reduções de emissões de carbono nos veículos ligeiros inferiores à média europeia. A República Checa e a Roménia são, pelo segundo ano consecutivo, os dois únicos países europeus com a pior eficiência no consumo de combustível nos novos veículos ligeiros.

Francisco Ferreira sublinhou que é preciso notar que «Portugal continua a ter um peso muito grande do sector rodoviário nas emissões poluentes». Sendo o sector dos transportes um dos que mais contribui para o crescimento das emissões de carbono, Francisco Ferreira desafiou o Estado e as empresas a estimularem mais o transporte público, incluindo o passe como regalia complementar em vez do automóvel, como forma de assumir efectivamente um real compromisso com uma política de sustentabilidade ambiental.

No final de 2008, foi aprovada legislação Europeia que limita as emissões médias dos veículos novos vendidos na União Europeia a partir de 2012. O relatório agora apresentado pela T&E vem mostrar que os diferentes desempenhos dos fabricantes de automóveis indiciam que o efeito desta legislação já se está a fazer sentir mesmo antes de 2012.

Jos Dings, presidente da Federação Europeia para os Transportes e Ambiente, comentou: "Esse relatório mostra que a grande melhoria conseguida na eficiência de combustível nos novos veículos não foi apenas o reflexo da diminuição do tamanho dos veículos, mas sobretudo da aplicação de novas tecnologias. Portanto, a tendência da redução das emissões de carbono nos novos veículos ligeiros é estrutural e continuará, portanto, quando o mercado regressar à normalidade. O regulamento europeu sobre os limites de emissão de carbono nos novos veículos ligeiros funciona e está a conduzir a indústria automóvel para o caminho da sustentabilidade ".



Fonte: http://www.quercus.pt/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ficha de espécies - O gato bravo

O gato-bravo é um dos mais belos e interessantes carnívoros da nossa fauna. Maior e mais robusto do que o gato-doméstico, encontra-se particularmente ameaçado pela poluição genética que resulta da sua hibridação com este.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O gato-bravo (Felis silvestris) é um carnívoro de médio porte pertencente à Família dos Felídeos e é mais robusto e de feições mais rudes que o gato doméstico. A sua pelagem densa apresenta uma coloração variável, podendo ser cinzenta, castanho clara ou, mais raramente, melânica (negra ou quase). Tem umas riscas negras características nos flancos e extremidades e, ao contrário do gato doméstico listado ou malhado, não tem pintas no corpo. A sua cauda é grossa, peluda e relativamente curta, com 3 a 5 anéis largos e negros, sendo a extremidade arredondada e também negra. A cabeça é arredondada e volumosa, com focinho curto e mandíbulas robustas. As orelhas são curtas e arredondadas, os olhos são grandes e geralmente verdes. As patas são curtas e estão dotadas de poderosa musculatura e grande flexibilidade.

O corpo varia entre os 52 e 65 cm de comprimento nos machos e entre 48.5 e 57 cm nas fêmeas. O comprimento da cauda varia entre 25 e 34.5 cm. Os machos pesam em média 5 Kg e as fêmeas 3.5 Kg, não ultrapassando os primeiros 7.7 Kg e as segundas 4.95 Kg. Têm variações sazonais no seu peso, que podem ser de 2.5 Kg nos machos e 2.15 kg nas fêmeas.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Actualmente, o gato-bravo encontra-se na Europa em regiões bem distintas: Pirinéus e Península Ibérica, Apeninos e Sul de Itália, uma região no centro da Europa que inclui o Nordeste da França, uma parte da Bélgica e outra da Alemanha, Norte da Escócia, as grandes ilhas mediterrânicas (Sicília, Sardenha, Córsega e Creta), Balcãs e Cárpatos, Ásia menor e Cáucaso.

Em Portugal existe tanto no Norte como no Sul, estando a sua presença confirmada em muitos Parques Naturais. No nosso país esta espécie parece ser pouco abundante e a sua tendência populacional é desconhecida.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Em Portugal tem o estatuto de indeterminada (I), ou seja é uma espécie que se sabe estar ameaçada, mas para a qual a informação é insuficiente para identificar a categoria apropriada. Pertence ao Anexo II da convenção de Berna (espécie estritamente protegida), ao Anexo IIA da convenção de Washington (CITES) e está abrangida pelo Dec. Lei 311/87.

FACTORES DE AMEAÇA

A hibridação com o gato doméstico é considerada como um dos maiores factores de ameaça para esta espécie em grande parte dos países europeus. Outros factores de ameaça importantes são: a fragmentação das populações devido à construção de vias rodoviárias, ao desenvolvimento de culturas intensivas e à desflorestação; a destruição do habitat devido principalmente aos incêndios e ao recurso à silvicultura monoespecífica; o controlo de predadores e a escassez de informação biológica e ecológica existente sobre esta espécie no nosso país.

HABITAT

De um modo geral o seu habitat preferencial é o bosque caducifólio. No sul da Europa está principalmente associado a matagais mediterrânicos, florestas e bosques caducifólios ou mistos e, marginalmente, a florestas de coníferas. Estudos efectuados sobre a selecção do habitat, inclusivamente em Portugal, revelaram que o gato-bravo tem preferência por bosques associados às linhas de água assim como por pinhais, que parecem ser bons locais de repouso.

Durante o dia refugia-se em buracos de árvores, fendas nas rochas e em tocas abandonadas de texugo, raposa ou coelho. Durante os meses quentes de Verão pode permanecer ao ar livre, procurando o fresco e o refúgio que a floresta lhe oferece.

ALIMENTAÇÃO

O gato-bravo é um predador oligófago, dependendo a sua alimentação não de um espectro limitado de presas mas sim da região em que se encontra. A base da sua dieta é constituída por pequenos roedores. Consome também lagomorfos (lebre e coelho), aves e com menor frequência anfíbios e répteis. Esporadicamente pode consumir peixes e também insectos.

Confia nos seus reflexos e agilidade para surpreender as presas e prefere caçar em terrenos abertos do que em floresta densa. Um gato-bravo adulto consome em média 400 a 500 g de alimento por dia.

REPRODUÇÃO

Entra no cio entre Janeiro e Março, dependendo da localização geográfica, e os acasalamentos ocorrem no final do Inverno e na Primavera. Pensa-se que os machos mais competitivos copulam com várias fêmeas na mesma época reprodutora. Dois terços dos nascimentos verificam-se do meio de Março até ao final de Abril, sendo a gestação de 63 a 68 dias. Tem uma ninhada por ano, da qual em média nascem entre 3 e 4 crias. O aleitamento verifica-se até ás 6-7 semanas, mas as crias podem mamar esporadicamente até ao quarto mês. Nesta altura começam aos poucos a ganhar independência e passado pouco tempo procuram um novo território.

As fêmeas são sexualmente maturas entre os 9 e 10 meses e os machos com 1 ano de idade. Em liberdade pode viver até aos 11 anos.

MOVIMENTOS

É principalmente crepuscular e nocturno, tendo os olhos perfeitamente adaptados para ver na escuridão e um sentido de audição muito desenvolvido. É solitário, sendo feroz e intransigente frente a outros congéneres quando se trata de defender o seu território e só se mostra social no período nupcial. As fêmeas são mais territoriais e combativas, especialmente durante a época de criação. Os machos são nómadas e sobrepõem os seus movimentos ás áreas vitais de várias fêmeas. Durante a época de reprodução restringem-se a uma área vital na floresta. Os territórios de gato bravo variam entre 0.6 e 3.5 Km2, mas em Portugal, os estudos efectuados apontam para territórios maiores (entre 10 e 12 Km2).

CURIOSIDADES

Uma prova do apurado sentido de olfacto e excelente sentido de audição deste animal, é o caso de uma fêmea que estava a ser seguida por telemetria e que ficou cega durante um Inverno rigoroso devido à neve. Mesmo sem visão, conseguiu atravessar a maior parte do seu território e sobreviveu em condições razoáveis.

LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

O gato-bravo é uma espécie dificilmente observável no seu habitat natural devido aos seus hábitos nocturnos. Fazem latrinas (locais onde acumulam os dejectos) em locais proeminentes do terreno e enquanto que no interior do território enterram os dejectos, na sua periferia deixam-nos a descoberto. Estes são reconhecíveis por serem bastante compactos, pela ausência de estrangulações e por um dos extremos terminar numa ponta muito fina. São constituídos por pequenos pedaços que medem entre 1.5 e 8 cm de comprimento e 1.8 a 3cm de diâmetro. Afiam as unhas em árvores e arbustos deixando nestes as marcas das garras. As suas pegadas são constituídas pelas marcas de 4 dedos (cujas garras não estão marcadas) e por uma almofada principal trilobada. São normalmente maiores que as de gato doméstico.


Fonte: Naturalink.sapo.pt