sábado, 28 de novembro de 2009

Ficha de espécies: Coruja-do-nabal

A Coruja-do-nabal é uma ave de rapina nocturna, rara no nosso país, pois só aparece entre nós fora da época reprodutora. Pouco se sabe da situação nacional desta espécie, apesar das populações europeias se encontrarem em declínio.


IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A Coruja-do-nabal (Asio flammeus) está incluída na ordem Strigiformes, família Strigidae. É uma ave de rapina nocturna de tamanho médio, com cerca de 40 cm de comprimento e pesa entre 250 e 400 g. Quando se observa poisada (muita vezes no chão ou sobre um arbusto baixo) é fácil de reconhecer pela sua postura algo horizontal. Tem umas “orelhas” (tufos de penas) muito curtas, quase invisíveis. A plumagem é de tons acastanhados, fortemente malhada, e a face apresenta olhos muito amarelos, rodeados por uma mancha negra, que a tornam inconfundível. Em voo é difícil de distinguir do Bufo-pequeno (Asio otus), mas apresenta tons mais claros, sobretudo no peito e ventre. Entre nós esta coruja é muito silenciosa, e por isso o canto não constitui uma característica útil na sua identificação.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Trata-se de uma espécie bastante rara em Portugal, onde surge no decurso das suas migrações e durante a invernada. Observa-se de norte a sul do território continental, mas é aparentemente mais frequente nas zonas litorais, particularmente junto às grandes zonas húmidas do centro e sul. No Arquipélago da Madeira também parece ocorrer com alguma regularidade.
ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO
Pouco se sabe sobre a problemática da conservação desta espécie rara em Portugal. Na Europa sofreu um decréscimo acentuado devido à destruição do habitat, e talvez também como resultado da perseguição directa. No nosso país esta ave é abatida com alguma frequência por caçadores que patrulham as zonas húmidas. O seu hábito de permitir uma aproximação considerável aos seus locais de repouso, levantando apenas “à última da hora”, faz com que seja uma presa fácil de caçadores pouco escrupulosos.

HABITAT
Esta coruja mostra uma clara preferência pelos grandes espaços abertos, evitando bosques e zonas humanizadas. É mais abundante nas várzeas e lezírias junto a grandes zonas húmidas litorais, frequentando sapais, salinas, caniçais, terrenos alagadiços, pastagens com valas, arrozais e outros campos agrícolas. Outras áreas de invernada localizam-se nas zonas cerealíferas do Alentejo. Durante as migrações também surge com alguma regularidade em escarpas litorais.
ALIMENTAÇÃO

Em grande parte da sua área de distribuição a Coruja-do-nabal é um especialista em pequenos mamíferos, sobretudo roedores, mas também insectívoros. Em Portugal, num único estudo detalhado da sua alimentação efectuado no Estuário do Sado, verificou-se que, para além dos pequenos roedores, os insectos aquáticos (essencialmente Coleópteros) também são presas muito frequentes.


REPRODUÇÃO
Nas suas áreas de reprodução no norte e centro da Europa, a Coruja-do-nabal nidifica em áreas relativamente abertas, e com um uso do solo pouco intensivo. O ninho é feito no chão, escondido pela vegetação, como por exemplo por entre ervas altas, caniços ou urzes. O número de ovos é bastante variável, sendo função da abundância de presas. As posturas mais frequentes contam com 4 a 8 unidades, mas excepcionalmente podem chegar a 16. A incubação, realizada sobretudo pela fêmea, tem uma duração de 24 a 29 dias. Os juvenis podem abandonar o ninho muito cedo, mesmo antes de aprenderem a voar.
MOVIMENTOS
A migração das Corujas-do-nabal em Portugal inicia-se com a chegada das primeiras aves no final de Setembro. As corujas são mais abundantes de Novembro a Março, e as últimas aves desaparecem em Abril. As aves que surgem entre nós deverão ser originárias da Europa Central e do Norte, como comprova a recaptura em Portugal de um indivíduo desta espécie anilhado na Alemanha.

LOCAIS DE OBSERVAÇÃO

Os estuários do Tejo e Sado e a Ria de Aveiro são provavelmente os locais nacionais mais propícios à observação desta espécie. Orlas de caniçais, sapais e salinas podem revelar-se particularmente favoráveis. Ao contrário do que se passa em grande parte da sua área de distribuição, onde esta coruja apresenta actividade diurna, em Portugal esta espécie é fundamentalmente crepuscular ou nocturna. Os primeiros minutos após o pôr-do-sol são talvez os melhores momentos para a detectar.

CURIOSIDADES

No final do século passado, foi detectado em Portugal e em Espanha um parente próximo da Coruja-do-nabal, a Coruja-moura Asio capensis. Actualmente esta última espécie parece ter desaparecido definitivamente da Península Ibérica.

1 comentário:

  1. Tão bonita, a coruja do nabal!! Continua assim, com esses postes inspiradores e muito interessantes!!

    Bjokinhas Juh

    ResponderEliminar