sábado, 26 de junho de 2010

Ficha de espécies - Bico-grossudo

O Bico-grossudo é uma pequena ave, cuja característica mais notável está evidenciada no seu nome comum – o bico. De forma triangular, a sua força pode exceder os 50kg de pressão, razão pela qual consegue alimentar-se de duros frutos e sementes.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS


O Bico-grossudo (Coccothraustes coccothraustes) é um passeriforme granívoro, pertencente à família Fringillidae, onde também se incluem Pintassilgos, Tentilhões e Verdelhões. Em Portugal, o Bico-grossudo é o representante de maior dimensão desta família: pode pesar 60g, que é cerca de 3 a 4 vezes mais do que um Pintassilgo, tem um comprimento de 18 cm e uma envergadura que pode ultrapassar os 30 cm. Tem uma cabeça grande, um pescoço largo, um bico extremamente forte, adunco e triangular e uma cauda muito curta. A plumagem é dominada por um castanho avelã, com as costas castanho-escuro e um anel cinzento-claro no pescoço. As asas são preto-azuladas, com um painel branco muito visível em voo, e a ponta da cauda e as infracaudais são brancas. Tem uma mascarilha negra que envolve os olhos e a base do bico. Durante a época de reprodução o bico é preto e durante o resto do ano, amarelo-claro.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA


O Bico-grossudo distribui-se desde a Península Ibérica e Norte de África até ao Japão, passando pelas ilhas Britânicas, Escandinávia, Turquia, Caucaso, Sibéria e Mongólia.

Na Europa a espécie ocorre em 32 países e calcula-se que o efectivo populacional, que aumentou ligeiramente nos últimos anos, se situe entre 1 e 1,5 milhões de indivíduos, concorrendo a Alemanha sozinha com mais de 300 000 indivíduos. As densidades máximas de Bico-grossudo, que ocorrem por exemplo nas florestas da Polónia, podem atingir os 68 casais por quilómetro quadrado.

Em Portugal, ainda que em densidades aparentemente baixas, a espécie ocorre desde Trás-os-Montes ao Algarve.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Na maior parte da Europa a tendência populacional da espécie é estável ou em ligeiro aumento, daí que não esteja entre as espécies europeias de conservação prioritária. O seu estatuto de conservação é Favorável e a principal ameaça parece ser, em alguns casos, a perda de habitat e eventualmente alguma pressão cinegética.

HABITAT

O Bico-grossudo frequenta fundamentalmente as copas de árvores de folha caduca, em florestas de quercíneas, galerias ripícolas, sebes e até parques urbanos. De uma forma geral evita as coníferas. No Norte de Portugal é mais frequente em pomares, sebes ou bosques de árvores frondosas. No Sul utiliza fundamentalmente os montados de sobro e de azinho, os povoamentos de pinheiro manso, pomares e olivais.

 
ALIMENTAÇÃO

O poderoso bico desta espécie permite-lhe consumir um grande número de sementes, frutos e rebentos, incluindo pinhões, azeitonas e bolotas. Por vezes ingere os frutos para chegar até à semente. Principalmente durante a época de reprodução, também consome diversas espécies de invertebrados, incluindo aranhas, caracóis, lagartas e coleópteros.

REPRODUÇÃO

Os Bicos-grossudos são monogâmicos e nidificam isoladamente ou na proximidade de outros casais. Em Portugal iniciam a reprodução em finais de Abril. Constroem um ninho na copa de uma árvore, onde a fêmea põe 4 a 5 ovos azuis-claros ou cinzento esverdeados. A incubação dura 11 a 13 dias e as crias são alimentadas por ambos os progenitores. Abandonam o ninho 12 a 13 dias após a eclosão. Reproduzem-se pela primeira vez no ano seguinte.

MOVIMENTOS


A população do Norte e Centro da Europa migra para o Sul do continente. A população do Sul é sedentária e efectua durante o Inverno movimentos nómadas em busca de alimento, sendo frequente, neste período, que as aves se agrupem em bandos que podem atingir os 100 indivíduos.

LOCAIS FAVORÁVEIS À OBSERVAÇÃO


A baixa densidade da espécie no nosso país, aliada aos hábitos esquivos da espécie, torna-a extremamente difícil de observar. Conhecer as suas vocalizações, em particular o seu chamamento curto, áspero e metálico, são meio caminho para a sua detecção. Mesmo assim, é frequente que as observações se resumam a um indivíduo a voar em altitude (50 m ou mais) e em contra luz. Dentro deste panorama pouco animador, as melhores oportunidades de observação talvez se encontrem nos montados que bordejam rios e ribeiras da margem esquerda do Guadiana, nas zonas de pinheiro manso e sobreiro da bacia do Sado e nas sebes de freixos que separam os lameiros do planalto Mirandês.

CURIOSIDADES

Experiência de laboratório revelaram que a força do bico desta espécie pode exceder os 50kg de pressão.

Fonte: Naturalink

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